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Chapolin e o mito de Fausto



-Um diálogo que realmente me dá arrepios é o do Fausto e Mefistófeles.
- Mefis o quê ?
-Tófeles.
- Nossa cara Você já leu Goethe?
- Não, estou falando de Chapolin Colorado.

Foi Deste pequeno bate papo de elevador - que se encerrou com certo desdém por parte do meu colega de trabalho - que nasceu a vontade de conhecer a história de Fausto, considerada a maior obra da literatura alemã. Mas quem foi Fausto?

Henrique Fausto talvez tenha sido o primeiro personagem da literatura a se meter com o tinhoso. Fausto era um homem muito inteligente próspero materialmente, mas com tudo que tinha, se lamentava da vida do tediosa, e com falta de alegria. Por isso, tentou entender o lado espiritual e misterioso das coisas, afim de encontrar uma solução para seus problemas. Fausto procurou o entendimento dentro dos escritos sagrados, mas não se contentou, e questionou a existência de Deus, chegando a aceitar a morte como boa opção, Já que sua vida não tinha alegria.

Certo dia, ao abrir a Bíblia, homem solitário reclamou de um versículo. Naquele momento, seu cachorro se transformou em um Capiroto mal encarado o gênio do mal, ou, Mefistófeles para os mais íntimos. O ardiloso de forma humana prometeu conceder todos os prazeres e desejos a Fausto. Ele assinou contrato de sangue sem saber que devia a sua alma ao besta fera.

Pouco depois, fausto se apaixona por Margarida, uma virgem pura, e pede ao cramulhão para tela, mas o Cão avisa que isso não era possível, aconselhando o infeliz a conquistar a moça com presentes. Fausto conquista a moça, mas coisas ruins começam a acontecer: a virgem ficar grávida, enlouquece, mata seu próprio filho e é presa. O irmão de Margarida morre em duelo, e Fausto o comparsa do demo, morre sem nada. Uma grande lambança!

 Origem e adaptações


O poeta alemão Johann Wofgang Von Goethe foi o autor do mito e levou praticamente a vida inteira para escrever a história inspirada no mago Johann Georg Faust, que viveu entre 1480 e 1540. O esboço começou em 1775 e a segunda parte do conto só ficou pronto em 1826. O autor não chegou a ver a publicação definitiva, lançada em 1832, mas a narrativa ganhou força com passar dos anos.

O reformador protestante Philipp Melanchthon evocou o mito mais tarde, acrescentando dados chocantes da morte de Fausto - ele havia sido motivado pelo sete pele. Escritos de Martinho Lutero, de 1956, apontavam Fausto como instrumento de cabeça de morcego, enquanto o poeta inglês Christopher Marlowe escreveu uma peça teatral 1588, foi só foi publicada em 1604.

Fernando Pessoa também falou sobre Fausto. O autor não completou a obra, mas postumamente, foram encontrados fragmentos de anotações. O livro, chamado de primeiro Fausto, deveria receber mais duas versões do mito, desdobradas em cinco atos: o conflito consigo mesmo, com os outros, com emoção, com ação de viver no mundo e a aniquilação si próprio. Mas, diferente do conto original, na história de pessoa não existe uma figura maligna, já que um único inimigo de Fausto é ele mesmo.

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    Num atordoamento e confusão 
    Arde-me a alma, sinto nos meus olhos 
    Um fogo estranho, de compreensão 
    E incompreensão urdido, enorme Agonia e anseio de existência 
    Horror e dor, agnia sem fim! 

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Fausto aos olhos do pequeno Shakespeare 



Por fim em 1976, o mestre Roberto Gomes Bolaños, mais conhecido como Chespirito, escreveu uma adaptação para o antológico (diga-se de passagem) Chapolin. O Mito foi desenrolado em três episódios: ‘De acordo com o diabo’; ‘Fausto, de Goethe’ e ‘A Lenda do Cavaleiro Fausto’. Bolaños se baseou na primeira parte da obra para produzir sua versão, que foi adaptada para que o final tivesse uma lição de moral: pacto com o maligno é arriscado e às vezes sem utilidade. Não podemos sucumbir aos nossos desejos.


Coube a uma esquete de humor de 25 minutos para que eu, ainda na infância, tivesse contato com um mito da literatura. Não atoa as criações de Chespirito perduram por tanto tempo na TV e no imaginário de muitos jovens.

Enfim, para mim, Roberto Bolaños é um gênio. E mesmo que não gosta de Chaves e Chapolin reconhece o talento do ator/escritor que merecidamente recebeu o apelido de Chespirito, o pequeno Shakespeare.


Texto publicado originalmente por mim no blog do iba (Abril Mídia) em 2014.

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