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Boa Esperança: A tijolada de Emicida na cara da sociedade



Difícil assistir ao clipe do Emicida e não lembrar de Django, icônico personagem de Tarantino que não baixou a cabeça e não se conformou com os maus-tratos do homem branco. Django, diferente de seus contemporâneos, pensava fora da caixa e revolucionou, causou estragos e deixou sua marca, um legado para as futuras gerações.

“Tempo doido onde a KKK veste Obey”

Mas isso não está só na ficção. Temos o caso do guerrilheiro Marighela (que foi tema de música do Racionais), Zumbi dos Palmares e o próprio Partido dos Panteras Negras. Esses e outros personagens marcantes da história contribuíram com unhas e dentes (literalmente) para o “avanço” (note as aspas) na igualdade social entre negros e brancos. Mas, será que devemos nos conformar com essa situação ou podemos fazer mais?

O clipe novo do Emicida mostra que ainda vivemos num abismo social. É só olhar ao redor: desça até a portaria de seu prédio, vá ao shopping e almoce no bistrô da praça de alimentação. Você verá o seu Zé, nordestino que veio ganhar a vida em São Paulo e virou porteiro; O Wellington, apaixonado por poesia, mas condicionado a ser guarda de shopping; A dona Maria, moradora do extremo leste de São Paulo que criou seus dois filhos como copeira e o Pedro, garçom do restaurante de luxo no Morumbi. A grande maioria, senão todos, são negros.

Como diz a música do Rappa: “Todo camburão tem um pouco de navio negreiro”. Não se iluda. A batalha continua e a bomba relógio está prestes a estourar.

Boa Esperança (clap, clap, clap!) foi produzido pelo Laboratório Fantasma em parceria com a bigBonsai, e tem no elenco Domenica e Jorge Dias, filhos de Mano Brown. O clipe retrata a revolta dos empregados domésticos.



Postado originalmente por mim em AudioGroove Festival

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