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RESENHA: QUEM É VOCE, ALASCA?




O eterno mistério de seu sorriso malicioso, quase matreiro. Cinco camadas entre nós. – Gordo

Quem é você, Alasca? É a primeira obra do autor mais badalado do momento – John Green -, lançado em março de 2005 e publicado no Brasil em 2010 pela WMF Martins Fontes. Em 2012, best-seller do The New York Times, o livro ganhou o Prêmio Michael L. Printz (premiação anual que nomeia os melhores livros destinados a jovens adultos). No Brasil, o livro está há sete semanas na lista de mais vendido da revista VEJA.

O livro é narrado por Miles Halter (ou Gordo, se preferir), um jovem entediado com sua vidinha pacata, que resolve sair de casa para estudar em Culver Creek, “à procura do Grande Talvez”. No colégio interno ele conhece pessoas maravilhosas: Coronel, Takumi, Lara e Alasca Young, uma garota imprevisível, inteligente e muito sensual. Em pouco tempo, nosso protagonista estará totalmente envolvido em coisas que nunca pensaria estar, e Alasca o levará para o seu “labirinto”...

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    Passamos a vida inteira no labirinto, perdidos, pensando em como um dia conseguiremos escapar e em quanto será legal. Imaginar esse futuro é o que nos impulsiona para a frente, mas nunca fazemos nada. Simplesmente usamos o futuro para escapar do presente. 

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 Gabriel Garcia Márquez, em O General no seu labirinto, retrata os últimos dias de Simón Bolívar, o Libertador da América do Sul. Ele poderia muito bem falar das conquistas, dos países latinos que o mesmo libertou, mas preferiu tratar outro tema nunca mencionado em biografias do general: a morte. O livro, um dos favoritos de Alasca, retrata o duelo inconsciente de Bolivar com seu destino. Daí que vem a frase que carrega o romance de John Green de mistérios: “Como vou sair deste labirinto”?

 Logo, nosso amigo Gordo (apelido carinhoso e irônico que pressupõem sua falta de gordura corpórea), um colecionador de últimas palavras de personalidades famosas, pondera sobre as palavras de Bolivar sobre a ótica de Alasca, que nos sugerem uma vida cheia de caminhos que se cruzam e fecham, mas a morte interrompe qualquer estrada que possamos entrar em nossa vida. De novo: “como vou sair deste labirinto? ”

Daí que correr atrás do “Grande Talvez” – o motivo para o qual estávamos vivos, cada um de nós, como indivíduos - pode ser perca de tempo, se uma hora outra, nossa corrida no labirinto vai acabar e não encontraremos a saída. Talvez Gordo, sair da casa dos pais para tentar uma vida excitante e emocionante pode não ser o caminho. E agora, “como vou sair deste labirinto? ”.

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    Chega uma hora que percebemos que nossos pais não podem salvar a si mesmos nem a nós, que todos os que atravessam as águas do tempo acabam sendo dragados pela ressaca – que, em suma, todos nós vamos. 

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Pessoas como Alasca, quando se deparam com pessoas do tipo Gordo, fazem verdadeiros estragos, mudanças que são refletidas durante todo o processo de sua caminhada no labirinto. Não que isso seja ruim, pelo contrário, esse tipo de convivência se torna essencial na vida de todo mundo. Este livro me fez refletir muito sobre isso, sobre nossas vidas, sobre minha vida, sobre meus amigos... Há tempos eu não ponderava sobre uma leitura e sobre uma pergunta “como vou sair deste labirinto? ”.

O livro é divido em duas partes – antes e depois – e os personagens – Ah, os personagens – são criaturas extremamente inteligente, assim como todos os protagonistas e coadjuvantes de John Green (Alasca é “gostosa” e culta como Margo, de Cidades de Papel). O estilo de escrita do João Verde contém um humor sofisticado, coisa que não encontramos com facilidade nos livros de autores contemporâneos, além das diversas referências a livros clássicos, o que comprova as origens ricas do escritor.

 Na minha mera opinião, John Green, iniciou sua carreira na literatura muito bem! Não é o meu livro favorito dele (Teorema Katherine é demais!) Mas com certeza, os prêmios e listas não me deixam mentir, Quem é você, Alasca? Entrou para a história da literatura mundial. Um livro para ler, rir, chorar e se emocionar muito.

 Se existe um livro que surte influência em nossa vida, nos molda de maneira positiva, está é a obra.

Texto publicado originalmente por mim no blog do iba, no dia 19 de dezembro de 2013.



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