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Bling Ring: A corrida atrás de um vento chamado sucesso



Visualize a cena: você entra na casa de sua estrela hollywoodiana favorita, acessa livremente o closet forrado de roupas e sai de lá com muitas sacolas de tudo o que há de mais caro nos shoppings. A noite você e seus amaigos vão na mesma festa que o artista frequenta. Bacana, né? Seria bem legal se não fosse por uma coisa: você não foi convidado para frequentar a mansão muito menos a balada.

 O livro Bling Bling – a guangue de Hollywood, de Nancy Jo Sales, adaptado para o cinema por Sophia Coppola, traz à tona a obsessão americana pela fama e seus efeitos colaterais, com uma história baseada em fatos reais, com personagens reais, mas que vivem vidas de mentirinha.

Uma série de noticias chocou Hollywood entre 2008 2009: uma gangue nada tradicional de bandidos violou e saqueou mansões de artistas como Lindsay Lohan, Paris Hilton e Orlando Bloom. Os prejuizos foram de três milhões de dolares em roupas de grife, bolsas Louis Vuitton/Marc Jacobs, perfumes Chanel, Rolex, dinheiro e muita, muita jóia. A pergunta que ficou no ar foi: Por que esses audaciosos garotos de famílias abastadas, moradores da Califórnia, realizaram crimes tão ousados? A jornalista Nancy Jo Sales entrevistou todos os envolvidos, incluindo os pais e os advogados dos jovens, e até mesmo as celebridades, que sofreram os assaltos. Uma verdadeira investigação que virou filme.

 Como eles agiam 

Em tempos de redes sociais digitais, onde artistas e marcas estão cada vez mais próximas do seu público, fica fácil saber quando astros de Hollywood não estariam em casa. Além disso, estrelas-problemas como Paris Hilton, Britney Spears e Lindsay Lohan sempre estão na home e manchetes de sites de fofocas. Ou seja uma pesquisadinha ali no Google era o suficiente para a guangue escolher sua próxima vítima (em alguns casos, a chave da casa ficava embaixo do capacho da porta o que facilitava – e muito – o acesso).

 A autora acredita que as vitimas tinham alguns pontos em comum: quase todas haviam aparecido em seriados, filmes e reality shows, que tinham a fama e o sucesso como tema central.”Porém culpar a cultura pop e a mídia por ‘valorizarem’ a fama pode ser uma saída muito cômoda. Acredito que falarmos sobre a obsessão pela fama, também estamos falando sobre a obsessão pela riqueza”. Diz Nancy Jo Sales.


Conheça a gangue do 1ºmundo: 

Nick Prugo 

Nick era um jovem ansioso, tímido e deprimido com fama de desajustado, até conhecer a estilosa Rachel Lee em um colégio de Indian Hills. Apaixonados por moda, os dois se tornaram inseparáveis até pararem no tribunal (no filme, Nick leva o nome de Marc e é interpretado pelo ator Israel Broussard).

 Rachel Lee 

Nick Prugo afirmou que a Rachel – filha de uma rica norte-coreana, proprietária de franquias da rede de ensino Kumon – era a mentora do grupo. A garota pegou dois anos de prisão por furtas uma loja da Sephora (no filme, Rachel Lee leva o nome de Rebecca e é interpretada por Katie Chang).

 Alexis Neiers 

Após os primeiros roubos de Rachel e Nick, a gangue aumentou. Alexis Neiers, filha de uma ex-coelinha da Playboy, se apresentava como atriz e modelo. Foi presa mas só ficou 30 dias na cadeia. O seriado Pretty Wild, estrelado por ela, foi ao ar mostrou a trajetória da patricinha (no filme, Alexis Neiers leva o nome de Nicki e é interpretada por Emma Watson).

 Tess Taylor 

Cybergirl mensal e anual da Playboy, Tess não foi indiciada pela justiça. Protagonizou com Neiers, sua melhor amiga, um vídeo provocante para a grife Issa Lingerie e também da série Pretty Wild (no filme, Tess Taylor leva o nome de Sam e é interpretada por Taissa Farmiga).

 Courtney Ames 

Courtney Ames foi presa várias vezes por agressão e dirigir bêbada. Gostava de bancar a garota valentona e é enteada de um ex-boxeador. Ah ela também é conhecida por defender a supremacia branca (no filme, Courtney Ames leva o nome de Chloe e é interpretada por Claire Julien).

Muito além do desejo 

Em seu livro, Nancy Jo Sales destaca outra investigação com base em pesquisas profundas com 650 jovens. Entre suas descobertas estavam as seguintes conclusões:

 - Se tivesse que escolher entre se tornarem mais fortes, mais inteligentes, mais famosos ou mais bonitos, os garotos se dividiram praticamente entre serem famosos e inteligentes, e a maioria das meninas assinalou a fama;

- 43% das jovens preferiam, quando adultas ser uma assistente pessoal de um astro. Na pesquisa, isso representa três vezes mais do que a quantidade de meninas que escolheria ser senadora dos Estados Unidos; e quatro vezes mais que as que gostariam de ser executiva de uma grande empresa;

 - Ao serem perguntadas sobre com quem preferiam jantar, mais adolescentes preferiam Jennifer Lopez a Jesus. Entre meninas com problemas de autoconfiança, a maioria optou por jantar com Paris Hilton.




A opinião de pessoas afetadas sobre o livro e o filme:

 Rachel Bilson, estreia de The OC que teve sua casa roubada cinco vezes, à revista Cosmopolitan: “Eu achei que era estranho algo que foi muito chato para um monte de gente. É importante ter desapego de coisas materiais, mas as coisas especiais e pessoais que eu perdi são difíceis de esquecer. ”

 Mischa Barton, co-estrela de The OC, no Twitter: “Sério, #sofiacoppola, #theblingring meu nome? Que vergonha.”

Alexis Neirers, ex-membro da gangue Bling Ring no Twitter: “É trash e impreciso. Baseado nas informações falsas do detetive Goodkin e Nancy Jo Sales. A verdade vai logo aparecer e eu não tenho intenção de ver esse filme. ”

Paris Hilton que apesar de ter sido roubada, aparece no filme e permitiu que sua casa fosse usada nas cenas, no Twitter “Eu amei o @BlingRingMovie! Sofia Coppola é uma diretora tão talentosa! @EmWatson e o resto do elenco estavam incríveis! #AmustSeeFilm."

Texto publicado originalmente por mim no blog do iba, no dia 15 de agosto de 2013.

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