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Resenha de livro: Um gato de rua chamado Bob



Não, esse não e mais um daqueles livros de animais cujo final faz você chorar horrores. Longe disso. Um gato chamado bob, e sobre superação, amizade e sucesso que, além de emocionante, é muito, mas muito inspirador.

 Costumamos reclamar muito de nossas vidas, é verdade. Mas, como diz o outro, sempre tem alguém do outro lado do mundo - ou a dois metros – que esta pior. James estava pior.

 James Bowen era um musico fracassado viciado em drogas e “sobrevivia” de forma precária em um apartamento subvencionado em Tottenham, Londres. Suas contas eram praças e vias publicas de Londres (seu repertório era composto por musicas do Bob Dylan, Johnny Cash, Nine Inch Nails, Nirvana e Oasis). Mas nem sempre foi assim. As coisas já foram piores.

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 Era uma grande válvula de escape para mim. Deus sabe onde eu teria parado se ela( musica).

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James viveu uma infância sem raízes na Australia e Reino Unido( o autor compara sua vida como a dos ciganos). Seus pais eram muito ausentes. Nunca se adaptou á escola e não tinha amigos. Conheceu muitos psicólogos e, devido seu problema em se socializar, sofreu bullying nos colégios - o que também lhe acarretou uma convulsão após ser bombardeado por pedras no caminho da escola para casa. Virou um garoto rebelde que desafiava a mãe e qualquer autoridade, e logo abandonou a escola. Usou todo tipo de droga leve, e com 18 anos saiu de casa. Já em Londres morou com o pai e também com a irmã, e apos ser expulso por ambos, virou um 'nômade' carregando seu saco de dormir para casa de amigos, buracos e ruas da cidade. As coisas pioraram rapidamente a partir disso. A fase seguinte da vida de James foi uma nevoa de drogas (já estava viciado em heroína), pequenos crimes e, claro, falta de esperança e fé. Logo ele estava morando com outros drogados em albergues. Em 2007, já com mais de 30, anos decidiu se recuperar totalmente. Foi ai que com a ajuda de uma assistente social de habitação, se mudou para o em Tottenham e conheceu Bob.

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 Era uma imenso prazer ter tão boa companhia, tão grande companheiro. Mas, de alguma forma, senti como se houvesse recebido uma oportunidade para voltar aos trilhos. 

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 O que me intrigou durante a leitura, e com certeza também te deixará com pulga atrás da orelha, foi a maneira como eles se conheceram. Não sabemos o passado de Bob, mas sabemos que ambos precisavam de uma segunda chance, uma razão, um empurrão para se reerguerem. A forma como eles se encontraram não deixa duvidas sobre Isso. Os dois se parecem tanto. Existe uma cumplicidade, uma reciprocidade que eu duvido que exista em qualquer relacionamento, seja romântico ou não. Eles realmente nasceram para ficar juntos. Precisavam um do outro.

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 Eu também me perguntava, ás vezes, se bob e eu havíamos nos conhecido em uma vida anterior. A maneira como nos ligamos um ao outro, a conexão instantânea que fizemos, isso era muito incomum.  

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 O que aconteceu com James e surreal, gente. Não acredito em carma nem em destino, mas é impressionante o que um gato - não qualquer gato mas Bob - pôde fazer com a vida de um pobre coitado. Como citado acima, no começo de sua recuperação, James começou a tocar em vias púbicas. Levar Bob consigo (Bob era o bebê dele não se pode deixar um bebê sozinho em casa) o fez virar uma nova pessoa. Logico que ao decorrer da leitura você notara que, mesmo com um gatinho tão fofinho e charmoso, James passou alguns maus bocados, mas Bob o ajudava a se reerguer novamente. Era como se ele dissesse: “James você e um homem ou um saco de batata?. Não se deite abater cara. Estou junto com você. Vamos passar por mais essa”. Com certeza Bob e um gato especial. Ele mudou a vida James, que estava lá no fundo do poço. Que poder um animalzinho tem, não é mesmo?.

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 Ver-me com meu gato suavizou-me aos olhos das pessoas. Ele me humanizou. Especialmente depois de eu ter sido tão desumanizado. De certa forma, ele estava devolvendo minha identidade. Eu tinha sido uma não pessoa; e estava me tornando uma pessoa novamente. 

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 O que diferencia um gato chamado Bob dos outros livros sobre/com animais, é que o autor narra sua historia de cara limpa, mas sem apelação, de forma que ela não se caracteriza como dramaautoajudachoradeira (spoiler do bem: ninguém morre, pode ler sem medo) e sim uma ficçäodavidarealmotivacional, sabe? um livro para se ler numa viagem, nas férias, antes de dormir, no transporte publico... Um livro leve, que te prende até o final, que te faz sorrir, chorar, entreter e, além de tudo isso, meditar.

 Assista ao pequeno documentário ‘A street cat named bob’ e saiba mais sobre essa história emocionante.



Texto publicado originalmente por mim no blog do iba, no dia 19 de julho de 2013.

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