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Resenha: Armadilhas da Mente



Armadilhas da mente, de augusto Cury conta a historia de Camille, uma jovem senhora bem sucedida financeiramente, mas que vê sua vida ruir – em todos os aspectos – por um único motivo: está presa emocionalmente.

Confesso que sou leitor preconceituoso e por isso relutei muito em ler a nova obra de Augusto Cury. Queimei a língua. Como comentei com alguns amigos, achava que este era “apenas mais um livro de dona de casa desesperada” e “ que nem valia a pena ler”. Arrependi-me profundamente, Armadilhas da mente não é mais um livro de autoajuda cheio de máximas motivacionais, mas um romance muito bem narrado, com diálogos densos e reviravoltas inimagináveis. A historia de Camille é intrigante, envolvente e surpreendente. Uma verdadeira viagem pela psicologia, psiquiatria e filosofia. Em suma, um livro que nos faz refletir (o que somos, como agimos e pensamos) e deve ser lido por todos.


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 Quem é rico? Quem tem a escritura de uma propriedade ou quem contempla suas imagens? 

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 A protagonista desta história é uma personagem fascinante: escreve e devora livros, professora e coordenadora de curso acadêmico, pós-doutorado, conversa sobre qualquer assunto e tem um vocabulário muito extenso. Mas, como todo ser humano, tem muitas falhas: critica, exigente, egocêntrica, não gostava de ser confrontada, obsessiva. Isso fora os transtornos mentais: fobia, depressão, estresse, transtorno, obsessivo-compulsivo e por ai vai. 

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 O tempo da escravidão não cessou. No passado, algemava-se o corpo, hoje, algema-se a mente.

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 Camille era prisioneira de suas próprias emoções, mas não conseguia se tratar com especialista(Você irá se sentir tão aflita quanto ela durante a leitura): ela visualiza flashs dela e do marido. Marco Túlio se acidentando em alguma avenida de São Paulo. Em sua mente doentia, achava que seu esposo estava sempre te traindo e, ao mudar para nova residência, a fazendo em Monte Belo, começou a sonhar que, na pele de um ex-morador escravo, estava sendo atacada. Ela não conseguia administrar seus pensamentos. Eram como demônios dentro dela. Não conseguia ver a beleza das coisas simples e isso já estava afetando a vida de todos ao redor. Até que ela conheça Zenão do Riso, um jardineiro que dizia “não” a tudo.

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 Nós nos tornamos uma historia: ganhamos inesquecíveis, perdas irreparáveis. A historia engravida as tempestades mentais. As frustações escrevem parágrafos; as perdas, capítulos; as magoas, textos. Tênues gotas tornam-se torrentes, diminutas poças geram oceanos. Sofremos pelo futuro.

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 Zenão do Riso,é o jardineiro residente da fazenda Monte Belo, Eita personagem. Apesar da simplicidade e do pouco estudo, tinha uma inteligência fora do comum. Ele até citava grandes pensadores, heróis de Camille, como Voltaire e Schopenhauer. Conviver com Zenão foi uma experiência muito edificante para Camille, apesar de relutar em reconhecer isso no início. Pelo que diz, tinha os mesmo problemas de sua patrona, mas só se curou com o Doutor Marco Polo, o “psiquiatra dos pobres” 

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 A mente mente. A mente é uma das maiores pregadoras de peças.

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 Belíssimo e profundo, o autor consegue penetrar em nossas mentes com a historia de Camille. Armadilhas da mente é um mergulho na mente brilhante de uma mulher singular. Profundo e emocionante, Augusto Cury nos mostra que os labirintos de nossas mentes são bem mais complexos e entrincheirados do qualquer um de nós é capaz de imaginar. Ele definitivamente nos faz repensar sobre o apreço que damos as coisas materiais, relacionamentos interpessoais e amor próprio.

Texto publicado originalmente por mim no blog do iba, no dia 24 de julho de 2013.

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