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HOMEM BUNDÃO SÓ SERVE PRA FAZER SABÃO


Mulheres passaram as últimas décadas lutando para que os moços sejam menos machistas, lavem louça sem reclamar, saiam das fraldas e larguem do nosso pé. Com toda a razão: o mundo seria eternamente um espartilho tamanho P se o maior espaço que tivéssemos na vida fosse entre a caixa do aspirador de pó e a sala de jantar. Lutamos e conquistamos um monte de coisas. Mas foi quando colocamos o sexo masculino no cabresto que todos nossos problemas… mudaram.


Trabalho até 11 horas por dia, encaro maratonas de reuniões e compromissos lotados de gente chata travestida de descolada, faço compras de supermercado na hora de almoço, troco o óleo do carro, penteio os gatos e fico cansada feito um camelo velho. Depois dessa suave rotina,  tudo o que não preciso é um ser que recorra a mim para saber a cor da cueca que vai comprar, o que vamos fazer no final de semana  ou se pode beber com os amigos.
Estou certa que perdemos a mão no processo de domesticação masculina.
Preciso de um homem que não tenha aberto mão das idiossincrasias da sua testosterona e compre só cueca branca porque é mais fácil. Que seja pró-ativo o suficiente para programar um final de semana que me surpreenda, mesmo que nem sempre seja uma surpresa tão boa assim (não dá para acertar todas). Um homem que beba com os amigos e volte pra casa meio torto porque, oras, por que ele não sairia?! Preciso de um macho que beije meu pescoço, lamba minha orelha e me convença a durmir mesmo quando dou demonstrações de desânimo total. Um homem, enfim, não um garoto criado pela avó com medinho de tomar bronca.

Mas para isso é preciso baixar a guarda, deixar para lá essa ditadura, criada no tempo do feminismo, de que é primordial fazê-los comer na nossa mão porque, senão, seremos fracas e indignas. Chega de “demonizar” os homens. Já lutamos e conquistamos um monte de coisas, realmente, inclusive uma que não esperávamos: uma carência desgraçada, que teima em morrer de vergonha de se mostrar e nos corrói imperceptivelmente. Uma necessidade quase desesperadora de acolhimento e carinho e que, certamente, não será atendida (ou sequer percebida) por um bundão.

Não precisamos de seres bonzinhos, dominados, subjugados, acuados. Precisamos é de um pouco de semancol e, talvez, umas sessões de terapia para reaprender a pedir colo, ficarmos frágeis, fazermos uma comidinha gostosa para ele simplesmente porque deu vontade.

Precisamos voltar a não ter medo de sermos mulheres porque, no final das contas, homem submisso é muito bacana na teoria, mas um transtorno na prática.
A autora desse texto impressionante é a Ailin Aleixo. 
Ela escreve a coluna "Mulher Moderna" na  Revista ALFA - revista para o publico masculino da editora Abril.

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